terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dedicatória


Começo este blogue com uma dedicatória da minha amiga de infância, feita para o meu primeiro livro "Entre Tachos e Panelas".
Amiga São
Descobrimos juntas o A e o B e que 1+1 é igual a 2. Ainda tivemos de estudar no planisfério que Portugal além deste rectângulo de terra, na pontinha da Europa, quase a cair para o mar, tinha vastos territórios em vários Continentes. Nesses momentos, a sala de aula, a nossa praia, o nosso mar pareciam pequenos para abarcar tão grandes feitos e no regresso da escola, caminhando pelas ruas de S. Pedro do Estoril, nas nossas intermináveis conversas, o futuro também parecia muito longínquo.
Partiste para uma terra grande, onde a terra é vermelha sangue e a linha do horizonte parece não caber no infinito. Andaste por lá anos, mas nas amizades redondas, de arco perfeito, a distância não rompe a cumplicidade. Fomos amadurecendo partilhando as receitas da vida, umas bem doces outras bem amargas, sentindo que afinal o futuro começava a chegar cada vez mais e mais depressa. Surgem os filhos e o que nos parecia tão longínquo estava agora tão perto…
Voltas de Angola carregada de histórias, de experiências que gostosamente me contaste, em conversas intermináveis, como quando voltávamos da escola, agora, ainda mais “recheadas” com os sabores e os saberes das gentes, negros de pele e quentes de coração, com quem partilhaste anos de vida.
Mas ainda te faltava palmilhar mais terra, o teu Minho era frio, S. Pedro pequeno demais, mas ainda ficaste por cá algum tempo à espera de partires onde sentisses melhor chão. Foi então que escolheste a planície alentejana onde o sol é mais quente quando beija a terra e “ENTRE TACHOS E PANELAS” descobres que os aromas, os cheiros, as experiências podem contar as histórias dos povos de geração em geração de sabores e de saberes vividos.
Nesta recolha de receitas, que preenche o teu livro tiveste o gosto de lhe juntar “A Amizade”, que não tem dosagens certas, que não se mede, que não tem peso, nem condimentos especiais. TEM isso sim um saber e sabor difíceis de igualar. E quando se prova…. não se esquece mais . . .
Maria Celeste Carrasco
17/11/2007

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