quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Introdução do Livro Sabores de África

Gosto de cozinhar, embora não seja cozinheira. Será isto estranho?
Amo África, embora me digam que estive lá pouco tempo, pouco tempo para tanto amor, o que é verdade. Isso também parece ser estranho para muita gente…
Viver em África foi uma época que marcou profundamente toda a minha vida. Lá me tornei mulher, fui mãe, ri e chorei, venci e perdi. Ao mesmo tempo, enquanto subia estes degraus, fui aprendendo a amar os seus cheiros, os seus sons, as cores, os paladares, as gentes.
Acabei por sair de lá há trinta e quatro anos, mas trouxe comigo essas marcas identificativas da terra amada e que sempre me têm acompanhado. Tal como a família…
E se os cheiros não posso transmitir, pelo menos a arte de criar aqueles sabores que me ficaram na memória posso espalhar por onde puder. Aí está a razão da existência deste livro.
Dizem-me: «Mas só estiveste em Angola!... Como é que te puseste a escrever sobre os sabores de cinco países de África?».
Nem eu própria sei! No fundo, talvez tenha sentido que os sabores de um país se entrelaçam, se conjugam, se multiplicam com os sabores dos outros.
Utilizei uma linguagem simples e directa, de modo a que todas e todos pudessem entender as receitas e não chegassem ao fim das mesmas sem compreender o princípio e o meio, sem perceber onde está o sabor a criar. Apliquei a expressão «quanto baste» (q.b.) para referir as quantidades de alguns ingredientes, como o sal, a água, o azeite, assim como «a gosto» – «picante a gosto» –, porque são ingredientes que se devem
utilizar na culinária consoante o gosto de cada um.
Na verdade, uma receita de culinária não é uma ciência exacta, mas sim uma arte cujo resultado depende ora do gosto do seu autor ora dos ingredientes que se tem à mão.

Portanto, não se acanhe em alterar ou substituir um ingrediente. Os povos donde estas receitas são originárias também as modificam de região para região e conforme os ingredientes de que podem dispor, em cada momento ou época. Pensando bem, que importa se em vez de galinha é um frango que vai para a panela?… O importante, sim, é que se sinta feliz com o que faz e o paladar desejado esteja lá…

1 comentário:

AFRICA EM POESIA disse...

São
Felicidades por estares aqui.
o teu blog vai ser um sucesso
um beijo